Borboleta

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

AIVANHOV - A QUARESMA 

"Tempo de decidir aceitar a Divindade"

(Autresdimensions 2/03/2006)



"O período de quarenta dias é um período probatório.
É um período em que o ser humano, em que a Terra, em que cada indivíduo será confrontado aos seus medos, às suas dúvidas as mais íntimas, às suas culpas, ao que faz com que sua personalidade seja, de algum modo, envenenada pelos desejos, pelas vidas passadas, pela vivência.

Durante este período há um face a face consigo mesmo.
É um período de introspecção.
É um período em que se deve decidir aceitar a Divindade.
É o que fez Jesus, durante esses quarenta dias: intensas reflexões sobre Ele mesmo, intensos recolhimentos."



Bem, caros amigos, bom dia.
Estou extremamente contente por reencontrar-mo-nos, todos juntos, para essas conversas que, eu espero, serão extremamente proveitosas para uns e para os outros.

De fato, temos muitas coisas nessas conversações.
Mas, primeiro, antes de deixar-lhes a palavra para tudo o que são suas interrogações e seus questionamentos, vou dar-lhes certo número de coisas no desenrolar do que eu chamaria a cronologia, se efetivamente quiserem, dessas mudanças vibratórias que estão em curso e que correspondem, de um lado, às suas gestações, de cada um de vocês, mas, também, à gestação do lugar, mas, também, à gestação total do planeta que está em curso, como vocês sabem, da revelação de sua sacralidade.

A sacralização do planeta, que é algo de extremamente importante, que é esperado desde tantos e tantos milhares de anos.

Então, primeiramente, saibam que, desde ontem, nós entramos no período dos quarenta dias que precedem o período de Páscoa.

Esses quarenta dias são extremamente importantes, sobretudo este ano, mais do que nunca, porque, de fato, nós entramos num período no qual o ser humano vai poder decidir ou elevar-se, ou permanecer nesses níveis de rebaixamento.
A energia de crescimento vibratório elevatório da Terra vai fazer-se cada vez mais intensa durante os quarenta dias, até a Páscoa.

Nós entramos, de fato, no período, também, do equinócio de 21 de março, nas três semanas precedentes, que corresponde ao advento da primavera, à emergência de novas energias de coerência e de ascensão da terceira dimensão para a quinta dimensão.
A pressão energética vai fazer-se cada vez mais forte.
A resistência ligada às forças involutivas vai, também, fazer-se cada vez mais exigente, o que explica que as manifestações de que falei desde o outono vão fazer-se cada vez mais presentes e vão invadir, pouco a pouco, o conjunto de seu espaço vital.


E, como sempre, o que acontece no exterior acontece, também, no interior, o que quer dizer que, nos quarenta dias que vêm, vocês vão viver combates interiores, lutas entre o antigo que não quer, totalmente, morrer, e o novo que pede apenas para nascer e que vocês não deixam nascer.
Isso faz parte do caminho normal, regular, perfeitamente objetivo, e perfeitamente lógico da elevação para a quinta dimensão, na qual tudo o que é antigo deve morrer, para deixar o lugar ao novo.

É um combate de cada instante, que necessita não de resistência, e não de combater, mas a necessidade de deixar fazer, de deixar morrer o antigo, de deixar sair de vocês o que não é mais atualidade, o que não está mais na Luz, a fim de caminhar cada vez mais facilmente, eu diria, para essa dimensão nova.

Se vocês tinham raivas, não poderão, mesmo, imaginar pôr-se em cólera.
Se vocês eram preguiçosos, não poderão, mesmo, imaginar estar na ociosidade.

Todos os excessos que eram próprios da personalidade que os animava até este período, qualquer que seja sua idade, vão, pouco a pouco, apagar-se diante do florescimento da alma, diante de algo que será extremamente fundamental para o acesso a essa dimensão Divina à qual vocês tem o direito de pretender, por sua essência, por seu nascimento.
Isso é extremamente importante a compreender.
Aí está no que nós nos situamos.

Então, obviamente, as resistências tomam a forma que vocês veem.
Houve modificações de elementos, que continuam, aliás.
As chuvas torrenciais que estão devastando todo o continente africano.
Há o frio, que está devastando toda a Europa do Leste, que terá dificuldade para renascer na primavera.
Há o elemento fogo, e há outros elementos que se movimentam em todos os continentes.
O elemento ar toma uma importância assustadora.

É como se a totalidade dos vírus astrais tivessem entrado em manifestação.
Eles representam, de fato, esses vírus, a resistência exterior do homem ao acesso à sua Divindade, porque o vírus provoca uma desagregação da vida.
Ele provoca, em especial, o que se manifesta nesse momento.

Olhem o que acontece com o vírus que vocês chamaram «a gripe aviária».
Ele os impede de respirar.
Os animais, os humanos e todas as raças serão tocados.
Eles os impedem de aceder ao que vocês são, realmente.

Olhem o que vocês chamam a doença do mosquito, o chikun gunya, como vocês dizem.
Olhem essa doença.
Ela impede as pessoas de mover-se.
Ela os fixa no passado.
Ela os impede de ir para sua dimensão Divina.

Olhem os vírus que chegam.
Olhem o vírus de que falei, que vai tocar as linhagens sanguíneas.
Ele vai provocar um enfraquecimento da energia da alma, porque o sangue é a alma.

Compreendam a ressonância, a lei de analogia, de afinidade que existe entre o que acontece no exterior e o que acontece no interior.
Não é algo que seja necessário considerar com medo, certamente, com circunspecção, com prudência.

Vocês não vão comer penas de pássaros que têm a doença, mas, independentemente disso, se vocês estão na certeza interior de sua sacralidade, na certeza interior de que vão subir para essa dimensão Divina, nada poderá acontecer-lhes, nem ao seu espírito, nem ao seu corpo, porque vocês irão ao sentido da evolução.

Vocês irão ao sentido da sacralização do que vocês são, acompanhando a Terra em sua subida vibratória.
É extremamente importante compreender isso.
E, apesar de todas as precauções exteriores e interiores, mesmo se vocês devam pegar essa doença, tudo será feito, obviamente, para que vocês não sucumbam e que o corpo não faleça nessa infecção.

Mas se, infelizmente, você tinha que pegar essa doença, isso corresponderia a uma resistência que está em você, que é uma resistência ao acesso à quinta dimensão.
Mas nenhum de vocês, aqui presentes, e nenhum ser, realmente engajado num caminho espiritual, morrerá, exceto se, obviamente, sua alma decidiu aceder à quinta dimensão, mas sem acompanhar essa subida com o corpo.
É extremamente importante.
Aqueles que recusarem serão «eliminados» dos planos de consciência de sacralização.

De fato, a doença não pode estar presente quando a Terra tiver concluído, completamente, sua ascensão, assim como um ser humano não poderá, de modo algum, aceder essa quinta dimensão com qualquer doença.

A dimensão cinco é uma dimensão de pureza, na qual o jogo da sombra e da Luz não existe mais, na qual existe a criatividade da Luz, a forma a mais autêntica da Luz e a manifestação a mais autêntica da Luz.
É isso que deve entrar em vocês.

O trabalho no coração, o trabalho no estado interior é algo de extremamente importante.
Vocês não devem esquecer isso, a cada minuto que anima sua respiração.
A cada expirar e a cada inspirar, vocês dizem «eu sou», «eu sou um», «eu sou Deus», «eu sou o Mestre», «eu sou a Unidade», e «eu sou a totalidade manifestada na realidade da Unidade».

É extremamente importante compreender.
Isso é capital, em relação ao que vem para vocês.

Agora, cabe a vocês falar, caros amigos.

Questão: poderia falar-nos do enraizamento, da materialidade, da encarnação?

É preciso dissociar os três planos: o plano físico, o plano astral, e o plano mental.
O plano etéreo, eu o coloco no corpo físico, é a mesma coisa.

As pessoas, agora, que trabalham, unicamente, no plano físico etéreo para fazer descer uma energia de enraizamento, para enraizar-se, servem-se da ferramenta mental, da visualização, servem-se, também, de emoções, por vezes, para criar esse movimento de energia que provoca uma atração total dos constituintes do ser (corpo, alma, espírito) às profundezas da Terra.

Esse enraizamento é um enraizamento que não é total.
O enraizamento é, antes de tudo, ligado ao modo pelo qual vocês administram sua vida, ou seja, que vocês são capazes, não de fazer voos espirituais, mas, será que vocês são capazes de estar aqui e agora?

É fácil dizer «eu estou enraizado» ou dizer «eu me enraizo» por uma vontade intelectual, mental, e manipulando as energias para que elas desçam, no momento, por exemplo, em que há uma canalização ou um trabalho energético.

Mas o enraizamento é um ato consciente, que sobrevém a cada minuto de sua vida, consciente de que vocês são um sopro, consciente de que vocês são um corpo, consciente de seu lugar, que vocês têm e que os mantêm entre o Céu e a Terra.
É o lugar que vocês têm, a lucidez, a Unidade que vocês são.

Aí está a mestria, a mestria, também, do enraizamento.
O enraizamento que seria apenas um ato energético, no momento em que acontece algo, é um enraizamento ilusório.
Para nada serve.

Há seres que não falam essa linguagem energética ou intelectual, digamos, e que estão na intenção da encarnação e na intenção do enraizamento.
O perigo que os assiste a todos é o de querer aceder a essa quinta dimensão fazendo como o fez a igreja católica: denegrindo, esquecendo o corpo, considerando que o corpo é sujo, que o corpo é pecado, que o corpo não é um instrumento Divino.
E, no entanto, o Cristo dizia, todo o tempo: «tenha sua casa limpa, porque você não sabe quando eu virei bater à sua porta».

O corpo, o templo, é a mesma coisa.
Jesus não queria falar da alma ou do espírito, ele queria falar do veículo físico.
O veículo físico é, ao mesmo tempo, o apoio vibratório, a causa e a consequência da Divindade.

Retenham bem isso: o corpo físico é, ao mesmo tempo, a causa e a consequência da Divindade.

Não há caminhos alternativos em seu caminho evolutivo ligado à terceira dimensão.
Se vocês se esquecem do corpo, vocês não estão mais na Luz autêntica.
Vocês estão na Luz desviada, aquela que quis instaurar Lúcifer e seus anjos rebeldes.
É extremamente importante compreender isso.

Agora, se o discurso diz «eu me enraizo com tal ou tal técnica», e se, em minha vida de todos os dias, eu não estou na bênção do acolhimento da vida que eu manifesto, através da refeição que eu tomo, através do contato de meus pés com a Terra, com os vegetais, com os animais, com tudo o que vive ao redor de mim, eu não estou enraizado, é um erro crer nisso.

Agora, a encarnação faz parte do processo.
Obviamente, não há diferença.
Se se fala de materialidade, é um mau termo.
Quando se diz «ele é material!», mas, felizmente, vocês são materiais, caso contrário, vocês não teriam a possibilidade, estando aqui presentes, de aceder à quinta dimensão.

A quinta dimensão é uma transubstanciação da célula de seu conjunto físico-etéreo.
É extremamente importante a compreender.

Se vocês se dissociam, vocês mesmos, de sua estrutura físico-etérea, com o pretexto de enraizar-se, servindo-se dessa estrutura físico-etérea e de sua ferramenta intelectual para enraizar-se e, em sua vida corrente, vocês não estão enraizados, o que acontece?
Há desordens, há estragos.
Não há ressonância e equilíbrio.
Há desequilíbrio total.

Muitas pessoas falam de enraizamento.
Mas o que é o enraizamento?
O enraizamento é, simplesmente, estar consciente, aqui e agora, na vida, na Unidade que vocês são, através do inspirar e do expirar da vida e estar em contato com tudo o que vive.

Se vocês dizem que estão enraizados e que passam sua vida a afastar-se em quimeras, onde está o enraizamento?
Vocês podem passar anos a dizer que estão enraizados, como podem passar anos a recitar um rosário.
E estão sempre na ilusão, completamente desenraizados.
É extremamente importante compreender.

A era que existiu no início do cristianismo, na qual os seres tinham necessidade de nutrir-se dessa dimensão de transubstanciação que era ligada à presença da energia Crística foi uma etapa obrigatória, na qual os seres retiravam-se do mundo para poder cultivar um veículo muito mais etéreo, muito mais luminoso, a fim de voltar em vidas ulteriores, realizar o caminho de elevação, mas, em caso algum, hoje, é-lhes solicitado isso.

Há animadores, enraizadores, como vocês dizem, que partem em estados emocionais, como há em alguns tipos de reuniões, como, por exemplo (o que não existia em meu tempo, mas que é extremamente difundido, em especial do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, na América do Sul), os carismáticos.
Os animadores procuram, ao contrário, fazer tirar em nome do Cristo.
É um erro fundamental.

Efetivamente, há curas, mas que se torna a alma aí dentro?
Que se torna a lucidez?
Que se torna a consciência?
Naquele momento, há pessoas que estão no amor do Cristo, mas é um amor de natureza emocional.
Elas perdem, totalmente, a mestria do que elas são, a realidade de sua Divindade, e elas entregam sua Divindade a um ser exterior.
E, no entanto, elas foram curadas.

A cura nada é.
Pode-se curar com muitas coisas.
O importante é a finalidade.
Qual é o objetivo?
Qual é o objetivo do que é feito?
E por que é feito?
Tanto para vocês, mas, também, nos grupos.
E isso é extremamente importante.

Questão: como fazer para não entrar na resistência inconsciente?

É muito simples: para não entrar na resistência, é preciso aceitar tudo o que vem.
«Pai, que sua vontade seja feita e não a minha», sem parar.

Sozinho, você não poderá ali chegar.
Você se tornará mestre de si mesmo quando aceitar deixar fazer.
Compreenda, efetivamente, o jogo de palavras.

Não é porque você deixa fazer que se torna alguém que vai deixar agir.
Deixe fazer, ao nível da vontade espiritual em você.
Naquele momento, estando no soltar de sua vontade da pequena personalidade, isso deixará o lugar para a eclosão da energia da alma, para a alegria interior, para o despertar dos sentidos espirituais.

Agora, se me perguntam como deixar cair as resistências com o mental, isso, estritamente, para nada serve.
O mental nada pode fazer sobre isso.
Apenas o ato de abandono à vontade do Pai é que permite realizar isso.

Agora, se me perguntam como fazer para fazer a vontade do Pai, eu não tenho resposta.
Isso não passa pelo mental.
É uma compreensão imediata, não intelectual, nem lógica.
É uma compreensão da alma.
Ora, a alma não tem necessidade de palavras.

Questão: poderia falar-nos do perdão?

O perdão recorre, obviamente, ao amor.
O perdão necessita de privilegiar o amor à custa da tristeza e à custa do passado, ou seja, é algo que está voltado ao instante presente e, eventualmente, para o futuro, mesmo se isso se refira a um evento que é do passado.

O perdão necessita de um olhar lúcido sobre esse passado, de considerá-lo como algo de existente e que convém deixar como um pacote volumoso e do qual é preciso despojar-se, antes de aceder a outra coisa.

Mas, geralmente, a maior parte das pessoas que têm dificuldade para atualizar o perdão ao nível da alma são pessoas que portam em si uma violenta culpa.
E, obviamente, estando na culpa, elas não podem perdoar ao outro, porque elas não se perdoam a si mesmas, tampouco.
Elas se sentem culpadas.

Retenham a história dos filhos que viveram coisas abomináveis e que perdoam.
Eles não perdoam, verdadeiramente, eles tomam a culpa daquele que fez o ato, quem quer que seja, aliás.
E, de fato, é o que é preciso compreender, é o que é preciso superar.
A culpa deve ser totalmente eliminada.
Enquanto há um grama de culpa em relação a si mesmo ou em relação ao outro, não pode, ali, haver perdão autêntico.
Há, primeiro, formulação do perdão e, em seguida, há abandono da culpa.

A culpa abandona-se através da tomada de consciência da Divindade que se é.
Enquanto vocês pensam culpa, enquanto vivem a culpa, enquanto vivem o medo, vocês estão na personalidade.
A alma não conhece o medo.
A alma não conhece mais a culpa.
A alma é totalmente livre, porque ela é de essência Divina.

Se vocês desvendam em si, através do caminho que é o seu (de elevação, de ascensão, de desenvolvimento de energias e de níveis de consciência), vocês vão compreender que não são esse medo.
Vocês vão compreender que não são essa culpa, mas que ela os agarra pelo esquema que vocês construíram, pelo que vocês têm vivido.
Mas o que vocês viveram, foi vivido.

O que vocês são é outra coisa que não o que vocês viveram.
O que vocês são é imanente, o que vocês são é transcendência.
O que vocês são é Luz.
O que vocês são é Divindade.
E, quando vocês reencontram a totalidade da energia da alma, não pode haver culpa.
Não pode haver medo.

Portanto, não se pode resolver o problema da culpa trabalhando na culpa, assim como não se pode resolver o medo trabalhando no medo.
Pode-se apenas distanciar-se dele, separar-se dele, porque isso pertence à nossa personalidade, que não é nós.

É aí que é preciso compreender as coisas.
Não há um trabalho a fazer na culpa.
Não há que fazer um trabalho no medo.

É preciso estar consciente de que essas coisas, como eu o disse precedentemente para o medo, não são ligadas a vocês, mesmo se são vocês que as exprimam.
Isso não lhes pertence.
Vocês estão além de tudo isso.

É preciso ver tudo isso como algo de exterior a vocês.

Enquanto vocês derem corpo e considerarem que essas emoções pertencem a vocês, vocês serão dependentes dessas síndromes, serão dependentes de suas fobias, serão dependentes de seus impulsos, de suas tristezas, de seus lutos, de suas perdas etc…, e de seus abandonos.

Mas vocês não são isso.
São vocês que se identificam a isso.
Não é a mesma coisa.

Questão: como se conectar à alma?

Mas não é preciso conectar-se à alma.
Quando se diz «eu me conecto à minha alma», quem fala?
É a personalidade, ainda uma vez.

Eu sou minha alma, eu sou Deus.
Se você diz: «eu me conecto à minha alma», isso quer dizer que você não é sua alma.
A própria linguagem que você emprega é o próprio reflexo desse distanciamento que você coloca entre o que você vive e o que você é.
Você exprime, através de suas próprias palavras, a distância existente entre sua alma e você.
Há uma diferença essencial.

Quando se diz: «como me conectar à minha alma?», isso quer dizer que eu não sou minha alma.
Agora, se eu sou minha alma, não tenho problema de conexão.

E vejo o medo, o abandono, a culpa como coisas que estão aí, e que não são para mim.
Isso corresponde, se preferem, a algumas meditações budistas muito antigas.
Vocês observam as emergências do pensamento, as emergências de emoções e veem-nas como algo que estava aí.

E, progressivamente e à medida que se identifica essas emoções que estão aí, mas que não se é mais a emoção, constata-se que há uma emoção.
Constata-se que há um pensamento.
Constata-se que há um sofrimento, mas permanece-se, não conectado, mas permanece-se na alma.

Naquele momento, essa emoção, esse sofrimento, esse pensamento perturbado pode apenas eliminar-se, afastar-se, porque ele não tem mais tomada.
É isso que é importante.


Questão: poderia falar-nos dos quarenta dias a vir?

Esse simbolismo corresponde, perfeitamente, ao período da quaresma (jejum), ou seja, o período de quarenta dias que precede o período de renascimento pascal.
Nós estamos em pleno no simbolismo.

Lembrem-se, os quarenta dias são extremamente importantes,
Houve a travessia do deserto durante quarenta dias.
Mas houve, também, Jesus no deserto, durante quarenta dias, com todas as tentações que vocês conhecem.
Queria Ele reinar no mundo?
Queria ele estar longe do mundo?
Ou ser o rei dos Céus?
É o que lhes é perguntado hoje.

Vocês devem elevar a matéria para sua transcendência ou querem dominar a matéria e ser dela o escravo?
São duas coisas diferentes.
Os quarenta dias que vocês vão viver correspondem a isso, com todas as provas ligadas à resistência em vocês e no exterior de vocês.

O período de quarenta dias é um período probatório.
É um período em que o ser humano, em que a Terra, em que cada indivíduo será confrontado aos seus medos, às suas dúvidas as mais íntimas, às suas culpas, ao que faz com que sua personalidade seja, de algum modo, envenenada pelos desejos, pelas vidas passadas, pela vivência.

Durante este período há um face a face consigo mesmo.
É um período de introspecção.
É um período em que se deve decidir aceitar a Divindade.
É o que fez Jesus, durante esses quarenta dias: intensas reflexões sobre Ele mesmo, intensos recolhimentos.

Ao final dos quarenta dias, aceita-se a missão que dura, exatamente, três anos, que é de ser filho do Pai, em todos os sentidos do termo, irradiar a Divindade, portar o peso da Divindade.
Não é uma leveza.

Paradoxalmente, o que se chama a Ascensão é um fenômeno de responsabilização.
É um fenômeno pesado, não de imposições, mas pesado da densidade da Luz, pesado da responsabilidade, pesado das transformações que isso provoca em si, extremamente profundas, que vocês vivem, aqui presentes, uns e outros.
É extremamente importante compreender que esse período de quarenta dias corresponde a uma vibração extremamente precisa.

Quando o ser humano morre, ele passa, em geral, quarenta dias nas dimensões intermediárias, nas quais ele é tratado, ele é transformado, a fim de ser ou reciclado nas vias da encarnação, novamente, ou aceder a outras dimensões superiores.

Esses quarenta dias, que são vividos após a morte (que correspondem, aliás, na tradição católica, à missa de quarenta dias), é, exatamente, a mesma coisa que vocês têm a viver agora, este ano mais que qualquer outro, a fim de preparar os três anos que vêm, para o que vocês serão na saída dos quarenta dias: um ser liberado do que não é ele mesmo, um ser liberado de suas angústias.

Vocês estarão limpos sobre vocês, corpo sem costura, corpo imortal, corpo de Luz?
Isso lhes pertence.
É essa a escolha que é preciso fazer e o trabalho que é preciso fazer.
Não há métodos.

É uma tomada de consciência, si mesmo em face de si mesmo, olhar de introspecção, de observar o que não é vocês como sendo exterior a vocês.

Vocês não são seus medos.
Vocês não são sua culpa.
Vocês não são o que acreditam.

Mas vocês são bem mais do que isso.
É a ilusão dos 50.000 últimos anos que eram necessários para aperfeiçoar certa forma de transcendência.


Questão: como se identificar à Divindade que se é e não se identificar a outra coisa?

Não é, de modo algum, um problema de identificação.
É um problema de aceitação.
Há, através disso, uma identificação.

Enquanto vocês se identificam a um papel, enquanto se identificam a uma emoção, vocês saem do que são, porque vocês vivem a emoção, porque vivem o passado, porque vivem isso ou aquilo.
Não há técnicas, propriamente ditas.

Apenas, quando do trabalho de introspecção que vai fazer-se, aí, nos vinte dias, a um dado momento, vocês vão encontrar-se em face de si mesmos, em face da Luz que vocês são, após terem passado certo número de etapas.
Para alguns, isso será compreender que seus medos não lhes pertencem.
Para outros, será compreender que a culpa não tem lugar de ser, e assim por diante, etc.
Para cada indivíduo é diferente.

Mas, nesse período, é preciso voltar-se ao interior.
Voltar-se ao interior é essa famosa introspecção, que corresponde aos quarenta dias no deserto, em todo caso, para os primeiros vinte dias.

Isso pode fazer-se trabalhando.
Não é questão de parar de fazer tudo e esperar que isso venha.

As energias trabalham nesse sentido, as energias da primavera que chegam, as energias que estão aí por toda a parte, ao redor de nós, estão na obra.
Basta ter consciência delas.
Não há técnica específica.
Não é um despertar disso ou daquilo.
É, simplesmente, uma consciência, um olhar levado ao que acontece, que vai determinar o que será ao final desses vinte dias, e desses quarenta dias.


Questão: uma arte transcendental exclui a emoção?

Ela pode apoiar-se na emoção, mas a finalidade não é a emoção.
É toda a diferença.
Pode-se jogar com a emoção para provocar uma ausência de resistência, para fazer de modo a que o ser humano que escuta um som, uma vibração, que olha algo, que ouve algo, que sente algo possa, a um dado momento, não mais controlar o que acontece.

Mas isso é o que é vivido através da vivência emocional.
Mas a espiritualidade está além do emocional.
O que quer dizer que, a um dado momento, mesmo se se está consciente de que é um meio que vai permitir abrir algumas portas, em momento algum isso deve ser a finalidade.

A emoção é uma chave que abre a porta.
Mas não é a porta e não é, sobretudo, o que há depois.
Portanto, pode-se jogar com a emoção, a um dado momento.

Mas a arte que teria por vocação apenas jogar com o registro emocional e nada aportar em seguida é uma arte oca, que não tem qualquer sentido no plano espiritual.
Há um sentido no plano humano, unicamente.
Há um sentido no plano da personalidade.

A arte transcendental é algo que vai conduzir à tomada de consciência, num primeiro tempo, da Divindade, e, acessoriamente, transformar, totalmente, o ser.
Basta dizer que, de momento, isso não existiu muito sobre a Terra.

A partir do momento em que se pronuncia a palavra arte, há a palavra emoção ligada, é claro.
A arte foi considerada na terceira dimensão como um meio de abrir portas.
Era uma chave.
Mas a chave não é a porta, eu repito.

Portanto, a arte transcendental, em si, necessita a emoção na partida.
Mas é necessário servir-se da emoção como algo que vai apenas ser uma emoção.
É preciso que a emoção permita aceder a algo que está acima da emoção, senão, permanecemos a um nível horizontal.

Ainda uma vez, eu repito: essa noção de arte transcendental é algo que foi, talvez, aproximado em certa época da humanidade, mas que jamais foi revelada, totalmente, caso contrário, a sorte da humanidade inteira teria sido mudada, o que não foi o caso.

Certamente, houve o século de Luzes.
Certamente, houve autores, intérpretes, tipos musicais que favoreceram essa abertura à espiritualidade e à autenticidade, entretanto, isso não foi até o final.
Houve, portanto, uma abertura de porta com a boa chave, mas ninguém cruzou a porta, porque o momento não era chegado.

E, hoje, os apoios que foram levados a efeito nada têm a ver com essas artes musicais passadas, mas devem recorrer à criatividade do artista, a fim de chegar não a transmitir a emoção, mas, em todo caso, permitir, através da emoção vivida, transmiti-la em um modo vibratório muito mais alto do que a emoção.
Isso, eu repito, é bastante difícil a fazer, mas o período a isso se presta, totalmente.


Questão: poderia dar-nos uma definição da emoção?

A emoção é o que põe em movimento.
Ora, eu lhe assinalo que a Divindade não é um movimento, é um estado de alinhamento total ao instante, de parada do tempo.

Quem diz movimento diz deslocamento no tempo e no espaço.
Ora, Deus não está no movimento, mesmo se ele é movimento.
Vocês, seres humanos, devem encontrar Deus parando o tempo, parando a emoção.
São as técnicas de meditações budistas, orientais também, se querem, nas quais se busca, nesse espaço interior, parar o tempo.

Efetivamente, inúmeros místicos disseram que, se se parasse o tempo, encontrar-se-ia Deus, instantaneamente, como quando da morte todo ser humano reencontra a Luz.

Agora, é questão de traduzir isso não em emoção, mas através de uma vibração que não é emoção.
A emoção faz crer que se está na vida.
Há seres e, em especial, os artistas, que creem que, quanto mais há emoções, mais eles estão na vida e que, quanto mais essa emoção é boa, mais eles têm a impressão de abrir-se.

Efetivamente, mas, a um dado momento, quando há maturidade, convém compreender e aceitar que a finalidade não é a emoção, mas que ela é apenas uma chave de acesso à Divindade do outro.
Uma vez que se colocou a chave, é preciso abrir a porta, mas é preciso, também, passar ao outro lado.

Então, efetivamente, houve artes transcendentais que permitem aceder a essa dimensão.
São, essencialmente, instrumentos de música sagrada que existiram e que existem, hoje, sobre o planeta.
Mas, hoje, essa música sagrada, feita com instrumentos primitivos, não tem mais tantos papéis.
Mas, efetivamente, era considerado que o ritmo preciso da Terra ia provocar uma abertura de chacras e, portanto, permitir ao ser encontrar a dimensão transcendental.

Há, efetivamente, utilização de uma chave, abertura de uma porta e passagem ao outro lado.
A arte transcendental poderia ser, ao limite, uma arte primitiva no sentido o mais nobre e, certamente, não da época do século de Luzes, e ainda menos o que se chama a arte moderna.
Mas a arte transcendental é algo que é desembaraçado da emoção, obviamente.

A maior parte dos seres que vocês conservaram – sejam os grandes compositores, os grandes pintores ou os grandes escultores – fez apenas traduzir uma dimensão Divina, rebaixando-a a uma dimensão da estética e da beleza, mas, também, uma dimensão da harmonia, através dos sons.

Mas, em caso algum, eles foram capazes de conduzir seu público a uma dimensão de arte transcendental.
Eles fizeram descer essa Divindade que haviam recebido em uma composição musical, visual ou outra em um modo de terceira dimensão.
Eles não tinham os meios de arrastar os outros às dimensões nas quais eles extraíam sua inspiração.

Hoje, isso está se tornando possível.
Portanto, não posso dar exemplo.
Eu posso, simplesmente, dizer que grandes musicistas que vocês conheceram, obviamente, eram extremamente inspirados.
Meu mestre Bença Deunov tocava violino.
O violino foi, certamente, o mais próximo, devido à sua sonoridade, da emoção Divina que conduzia à Divindade.
A emoção do violino é, efetivamente, a mais próxima do que conduz à Divindade.

Efetivamente, quando o ser chega ao momento da morte e sobe, através das sete etapas, ao momento dos quarenta dias, se ele se purificou, suficientemente, é capaz de subir a uma dimensão na qual ouve o coro dos anjos, ou seja, de milhares de violinos que tocam juntos.
E é, verdadeiramente, a sonoridade de violinos.
É a última fase, que se chama a música das esferas, que é tocada pelos Hayoth Ha Kodesh.

Quando eu digo «tocada», não é tocada, é o que eles são.
Eles são essa vibração do violino.
É por isso que Bença Deunov tocava violino.
É extremamente importante.
O violino é, certamente, o instrumento o mais próximo, através do som que é emitido, do som espiritual.

Então, obviamente, há outros sons.
Eu falei de instrumentos primitivos que eram capazes de abrir as portas.
Poder-se-ia dizer, em resumo, que, hoje, a arte transcendental seria aquela que associaria o coro dos anjos, ou seja, a música angélica (o coro o mais puro que correspondia ao que se chamava, à época, os «cantores de ópera»), associada ao som do violino e associada ao ritmo binário.

Por exemplo, um instrumento de música no qual se sopra, como o didgeridoo [aborígene], no qual há, efetivamente, algo que se aproxima do céu e da Terra.
Há o ritmo sustentado da vibração da Terra.
Há a aspiração da voz humana para a Divindade e há o som dos Hayoth Ha Kodesh.
Vocês estão, perfeitamente, realinhados nesse eixo.

Qualquer um que fosse capaz de associar esses três apoios vibratórios estaria na arte transcendental.
Isso jamais foi feito.


Questão: você nos ajuda muito, será que há algo que possamos fazer para agradá-lo?

Vocês querem que eu lhes faça uma lista?
Bem, continuem a viver, tentem estar o mais possível no instante.
Tentem ser o mais autêntico consigo mesmos e, também, com os outros.
Tentem ser humildes, na humildade, na simplicidade.
Isso é extremamente importante.
Vocês devem permanecer nessa fluidez.

Aí está o que se pode dizer, esquematizando, nada mais.

Agora, se efetivamente quiserem, vou aportar-lhes toda a minha bênção e, como se convencionou, todo o meu amor.
E vamos subir aos nossos planos de evoluções respectivos.

Eu os saúdo e eu lhes transmito, também, toda essa Luz autêntica da ordem de Melquisedeque.

Sejam abençoados e até breve, caros amigos.


***

Tradução Célia G.

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