Borboleta

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quarta-feira, 6 de abril de 2016


CADERNOS DE ABRIL DE 2016 – CRÔNICAS DA ASCENSÃO
Crônicas dos Melquisedeques – O Masculino Sagrado


Eu sou Mevlana, e eu venho falar-lhe, a você, unicamente a você.
E, quando eu falo, eu posso apenas cantar o Silêncio da dança, o Silêncio da Eternidade.
Então, escute-me, para que você se ouça, e receba-me, como eu o recebo.


Eu vim convidá-lo à Paz e à Alegria.
Eu vim convidá-lo a dançar comigo, no coração da Eternidade, no coração do Amor.
Então, escute-me, e você se ouvirá.
Escute o que eu tenho a transmitir-lhe.
Eu posso apenas cantar a Vida e cantar o Amor.
Eu posso apenas dançar o Verdadeiro, e eu o convido, também, à dança do Silêncio.
Eu o convido à verdadeira Vida, aquela que sempre cresce na Eternidade, aquela que jamais se move.
Eu o convido ao Verdadeiro, ao Belo.
Eu o convido a abrir-se, como eu me abro a você.


Eu venho fazer dançar seu coração na alegria do Verdadeiro.
Eu venho fazer exultar, em você, o grito do Amor infinito que dá ritmo à Vida em qualquer espaço, em qualquer lugar ou além de todo espaço e de todo lugar.


Eu venho cantar, em seu coração, a promessa do escolhido.
Eu venho cantar, em você, a melodia do Amor, que jamais termina.
Eu venho convidá-lo, para que, por sua vez, você convide cada um a escutar, em suas palavras, em seus olhares, em seus silêncios, em sua Presença como em sua Ausência.
Só o Amor permanece em sua Morada da Eternidade e de Alegria.


Eu venho girar com você, além da ronda das palavras e além da ronda dos corpos, na ronda da Eternidade, da Vida ressuscitada e renovada, permanentemente, o que você é.


Eu o convido à embriaguez do esquecimento, do esquecimento da pessoa limitada.
Eu o convido à embriaguez das alturas e das profundezas do Amor, do mais profundo ao mais elevado, que percorre os mundos, que percorre a Vida, que o deixa percorrer, pela Onda de Vida, que o deixa gravar, em letras de fogo, a palavra Amor, que dança ao redor da lareira do fogo de seu ser.


Sim, eu me dirijo a você, exclusivamente, porque, em você, está o mundo e a totalidade de todas as pessoas, mas eu o escolhi, você, para dançar com você e em você.
Você, você, e unicamente você, que contém cada um, que contém os mundos, na exuberância da Vida, na alegria do Amor.


Eu venho convidá-lo à simplicidade e à leveza do ser.
Eu venho convidá-lo a queimar o que você considera serem fardos.
Eu venho mostrá-lo a si mesmo, no espaço em que nada há a demonstrar, porque tudo é evidência e tudo é dança.


Escute e ouça, meu irmão, meu amigo, meu esposo, minha esposa, meu pai, meu filho, qualquer palavra que você queira colocar.
Esqueça-se das palavras e deixe trabalhar os Ateliês da Criação em seu Templo sagrado da Ressurreição.
Você é convidado, e você é instado às núpcias finais da Ressurreição.
Então, libere-se das cadeias, supostas ou imaginadas, e que, no entanto, tiveram, por vezes, tal peso, que elas obstruíam a sua consciência.
Esqueça-se disso, porque isso faz apenas passar, e você sabe disso.


Escute e acolha o que eu acabo de dizer-lhe.
Você é o vento e você é o Ar, você é a Terra e você é a Água, e você é o Éter.


Eu venho chamá-lo à consumação do efêmero, eu venho chamá-lo à Ressurreição da Vida.
Eu venho dançar em seu coração.
Eu me dirijo a você, que é apenas eu, e que é cada um.


Eu venho iluminar sua veste, aquela que será lavada no sangue da pureza.
Eu venho girar com você na ronda da Vida, que engloba toda a vida.
Eu venho revestir sua consciência com guirlandas do Amor, das Estrelas e da Paz, e das Portas de Eternidade.


Escute-me, você.
Há você, há eu, e há cada um.
Na solidão como na plenitude, dance a Vida comigo, na vertigem do Amor, que nada pode fazer cair, que se eleva tal um canto de Graça a partir de seu coração e meu coração.
Em um coração a coração e de coração em coração, eu o convido.


Vem dançar, vem cantar a Vida.
Deixe sair o que empurra em seus limites, que vem voltar a empurrá-los, sempre mais longe.
Deixe florescer a rosa eterna e seus sabores, e suas fragrâncias.


Eu venho remover os espinhos que possam, ainda, restar, os espinhos que possam, ainda, sofrer.
Eles nada mais são do que o testemunho da flor que nasce.
Ouça e sinta o perfume da Vida, o perfume da dança.


Levante-se e desperte.
Não há mais tempo nem espaço para dormir, porque nada há para fazer repousar.
O Amor eclodiu e a flor abre-se ou dança comigo.
Ao som do Coro dos Anjos, no ritmo do Espírito do Sol, eu venho declamar-lhe o Amor, eu venho abri-lo ao canto do Êxtase, eu venho saturá-lo de Alegria.


Você é convidado, porque aí está o único lugar que ocupa, também, todos os outros lugares.
Eu o convido a ficar ébrio de Amor, nos fins que todos os seus marcadores e todos os seus limites e seus amores explodem sob a ação da brasa do Amor.


Eu o convido à celebração e à elevação.
Eu o convido a viver a criança como o velho que se apaga.
Eu o convido à ronda do Amor.
E eu o convido, sobretudo, a fazer a paz, e eu lhe dou a minha paz, como eu recebo a sua paz, no silêncio de nosso coração Um.


Abrasemos, juntos, o coração que dorme, elevemos o coração daqueles que duvidam disso.
Eles estão em você, como estão em mim.
Ignoremos o conjunto de todos os desafios postos ao Amor.


Eu o convido a cantar a Ressurreição.
Sim, você, justamente você, que está aí.


Eu o convido ser de toda a parte.
Eu o convido a estar em todo templo, em toda lágrima, em todo nascimento e em toda morte,
Eu o convido ao parto.


Venha dançar.
Assim a Vida dança, assim a Graça aparece em meio a todo tormento, e mostra a vaidade do tormento e a vaidade do sofrimento, que nada pode diante do Amor e diante de seu sorriso.


Eu o convido a rir do que desaparece, não para menosprezar, mas, bem mais, para amá-lo.
Eu venho amá-lo, você.


Eu o convido ao calor que jamais seca e que, ao contrário, flexibiliza e faz crescer a Luz, que não para, jamais, que não cessa, jamais.


Eu o convido ao Fogo do Amor, ao Fogo da dança.
Venha viver, faça silêncio do que não é verdadeiro.
A nada se oponha, mas recubra tudo com o mesmo Amor, a mesma Alegria.


Eu o convido, enfim, a reencontrar-nos, a comungar, para que um e o outro desapareçamos no Fogo do Amor, na paz eterna da Verdade.


Então sim, você que está aí, eu venho render-lhe graças por seus suores e suas lágrimas, que nutriram o Fogo do Amor.
Eu venho convidá-lo a esquecer-se de si, para encontrar-se por toda a parte, e não mais, unicamente, entre o nascimento e a morte.


Eu venho cantar e eu venho dançar, para abrir bem as portas Daquele que vem.
Eu venho preveni-lo para que você se tenha pronto, para que você já seja ressuscitado, e não espere o último momento do tempo, desse tempo da Terra.


Eu venho dizer-lhe para ser o que você sempre foi.
Eu venho, também, remover as máscaras e os véus que possam, ainda, aparecer-lhe.
Eu o convido, comigo, a queimar nesse fogo de alegria, que dança em seu ser.


Esqueça-se do que eu digo.
Retenha apenas o Belo e o Verdadeiro, que nasce em você, na dança de seu coração.


Eu venho lembrá-lo, não de seus deveres ou de seus direitos, mas de sua verdade.


Dance, dance comigo e eleve seu Fogo, à medida que ele desce às profundezas as mais íntimas e aos menores cantos de seu isolamento, para que nunca mais a menor crença possa limitá-lo.


A Vida é convite.
Eu venho convidá-lo à Vida, como a Vida convida você para dançar, na imobilidade do Silêncio, na imobilidade do Coração do Coração, na Última Presença, na qual nada pode estar ausente e na qual, no entanto, você se ausenta do que é ilusório e do que não dura.


Eu venho falar-lhe, a você, e eu venho falar ao seu coração, porque ele compreende cada uma de minhas palavras, cada um de meus silêncios e cada um de meus gestos.
Eu venho, também, desposá-lo, para além de qualquer sexo e para além de qualquer convenção.
Eu venho fazer Um com você, como você faz Um comigo.


Aí, onde o Amor é vivido, em sua inteireza e em sua leveza, eu venho saciá-lo do sopro de Vida, não aquele que se apaga nesse mundo, mas que é, ao invés disso, aquele que não enfraquece, jamais, e jamais se apaga.
Eu venho gritar o Amor, eu venho declamá-lo, em você e com você, para que você não seja mais nem você nem eu, ébrio de Amor, que não sabe mais quem você foi, quem você é, mas, bem mais, o que você é.


Eu o levo e eu o elevo na dança na qual nenhum nome pode bastar, na qual você é todos os nomes, que diz «sim» à Vida, «sim» à Fonte, «sim» à beleza e «sim» à Eternidade.


Sim, você, aí, desperte, ouça o Coro dos Anjos que canta a alegria da Ressurreição, ouça o Espírito do Sol que nasce em seu Sol, no braseiro de seu coração.


Eu venho soprar e atiçar a Alegria em você.
Então, dancemos, no mesmo Silêncio e na mesma Alegria, a melodia do Amor, a melodia do Fogo, a melodia da Alegria, orquestrada pela Luz.


Você, eu o chamo à Evidência, à sua evidência.
A hora chegou de levantar-se, a hora chegou de aparecer em seu corpo imortal, que põe fim a todo parecer, que põe fim ao jogo da aparência, que põe fim ao jogo da competição, porque o Amor não conhece a competição, o Amor não conhece a luta.


Eu o convido à vida no Amor, para que, no momento vindo, você possa dançar com Aquele que vem, sem obstruções e sem temor, na leveza de seu coração reencontrado e desperto.


Meu irmão, eu me vejo em você, como você se vê em mim, no mesmo Coração sagrado, no Coração unido de Cristo e da Luz.


Eu me dirijo a você porque, se você me ouve, então, o mundo ouve você, e o mundo vê você.
Porque não há mais máscaras, não há mais véus, há a inocência da Infância e a pureza da Luz.


Eu o convido, sim, você, eu o convido a estar aí e aqui, agora e em todo tempo, em todo corpo, em toda vida e em todo mundo.
Dance comigo, dance a Vida.
Levante-se, meu irmão.
Lembre-se, além de toda memória, de que você é, desde sempre.
Saia do sonho e entre, diretamente, na vida eterna.
Deixe o sopro do Amor levá-lo na dança da Alegria.
Deixe o sopro de minhas palavras vir atiçar o que tem, ainda, necessidade de sê-lo.


Aí onde eu danço há apenas você e eu.
Não hesite mais.
Deixe a Vida percorrê-lo, deixe o Amor emergir e entrar.
Deixe livre o fluxo da Vida.


Eu o convido, também, a não mais lutar, contra si mesmo ou contra quem quer que seja, porque você já ganhou,
Não poderá, jamais, haver perda ou derrota no Amor.


Eu o convido ao Fogo do Coração.
Eu o convido a ser você, como a ser Ele.


Eu o convido ao perfume místico da Ressurreição que, tal uma violeta ou um lírio, vem fazer florescer sua rosa eterna.
Eu o convido aos perfumes da Vida.


Eu o convido a dançar, no Ar e no Éter.
Eu o convido sobre as águas como nas águas.
Eu o convido sobre toda terra, munido do Fogo do Amor que ilumina e magnifica toda a vida.
Então, não hesite, rejuntemo-nos nas esferas da beleza, nas esferas da Eternidade.
Porque a Graça, a Vida e o Amor são um convite permanente à dança da Alegria.


Eu venho dizer-lhe: «Deixe o que está morto morrer, deixe o que está morto desaparecer.».
A Graça do Amor ocupa-se disso, e o Fogo da Alegria transmuta-o.


Então, você que me ouve, escute.
Eu não tenho mais necessidade de palavras, porque meu coração fala, diretamente, ao seu coração, na linguagem silenciosa do Amor e na exuberância do Fogo do Amor.


Eu lhe dou a paz de Cristo, a paz de Buda, a paz dos profetas.
Eu lhe dou a paz da criança como a paz do velho que se apaga.
Assim eu lhe falo, de coração em coração, de meu centro ao seu centro, no qual não existe qualquer distância e qualquer fronteira.


Então, meu irmão, dance comigo.


No Amor, eu nada mais posso fazer do que cantar o Amor.
No Amor, eu nada mais posso fazer do que ser o que você é.
No Amor, eu nada procuro, porque não há qualquer outro.


À medida que o Último guia as minhas palavras, eu guio seus passos de dança, que dança seu coração e que dança a Vida.


No espaço em que o homem e a mulher fazem apenas Um, e recriam, assim, a Vida no ternário operador da Criação, eu o convido à Trindade.


Eu o convido, é claro, à celebração da Ascensão e à evidência de sua Liberação.
Você, que é Amor e Liberdade, eu canto os louvores da Verdade.


O que dizer mais?
Amor e Amor.


Você é o Caminho, a Verdade e a Vida, e eu saúdo, em você, o outro eu.
E eu saúdo, em você, Cristo, como eu saúdo Buda e os profetas.
Eu saúdo, em você, a Mãe da humanidade.


Escute, você.
Ouça o canto de Vida que o preenche, a cada sopro, dos benefícios do Amor.


Eu o convido ao êxtase do Fogo, para que queime tudo o que pode restar de pesado.


Você, meu irmão, eu venho dançar em você a ronda dos perfumes e das essências da Vida em todo mundo.
Eu venho, na embriaguez de seus sentidos, liberar sua essência e liberá-lo de seus sentidos.
O Amor está por toda a parte, então, você nada mais pode ver.
Ao saturá-lo de Alegria, não há mais do que a Alegria.


Nesse espaço sagrado de seu coração, no qual não pode haver dia melhor do que outro, porque cada dia é melhor.


Você, eu deposito as minhas palavras em seu coração.
Eu deposito, também, o Silêncio, assim como a dança.


Você, meu irmão de armas, que tem apenas por única arma a simplicidade do Amor, eu o convido e eu me calo, agora, em seu coração, ao mesmo tempo permanecendo com você, para que você ouça o canto do Silêncio.


… Silêncio…


Eu sou Mevlana, eu sou outro você, eu sou Cristo, eu sou o vento.
Eu sou tudo, porque eu nada sou aqui embaixo, nesse mundo.


Permita-me, enfim, você que me escutou até aí, abençoá-lo e santificá-lo na Graça do Único.


Aí estão os meus últimos passos de dança que não pararão, jamais, se você o quiser.


… Silêncio…


Permita-me não dizer-lhe adeus, porque eu permaneço de forma permanente.


… Silêncio…


Até uma próxima vez, para outras palavras e para outros poemas.


Eu permaneço em silêncio agora, em você, porque minhas palavras e minha dança não pararão, jamais.


… Silêncio…



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